quarta-feira, 8 de setembro de 2010

POBREGUÊS

POBREGUÊS

Diante do mesmo espelho
Barbeia a mesma fadiga...
Qual formiga
Pelo grão
Tomam-lhe o peito por dentro
Furores da combustão.

Nos apertos do comboio
Ida-e-volta de tristeza
Na incerteza
De estação
Lê nos carris sem destino
Toda a magreza do pão.

De pedras e de capim
No pinho teve recado
Revoltado
Viu no cerco
Invadirem-lhe o quinteiro
Uns certos bichos do esterco.

Cavou terra
Viu navio
Ergueu ponte
Rasgou estrada
Dobrou a margem do rio
Furou a mina para... nada!

Setembro de 1982, Santos Kim


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