ESPERA
Penso, às vezes, que vens de autocarro...
Corro à paragem
-Não desceste
Fico
À espera de outro e enquanto
Espero
Conto
Até cem e outro vem e - nada!
O ciclo
Recomeça no filtro do cigarro.
Penso. às vezes, que vens no autocarro.
E se vens no comboio?...
Na estação de São Bento
Mói a esperança
Por dentro e deito à sorte:
Vens na linha do Minho?
Na do Douro?
Ou na linha do Norte?
Seja a locomotiva
A gasóleo ou a vapor,
O que importa é que chegues, meu Amor!
Porto, Maio de 1981 - Santos Kim
terça-feira, 7 de junho de 2011
quinta-feira, 26 de maio de 2011
AO JEITO DE BIOGRAFIA
"AO JEITO DE BIOGRAFIA
Uma alma de eleição
Aquele Homem que reparte
As fatias do seu pão
Com amigos verdadeiros
Esse que virou serrano
Por amor ou por opção
Que encharca as pernas e os pés
No rigor dos aguaceiros
Que ama papoilas e lírios
Vales, encostas, ribeiros
Que aos mais fracos dá ajuda
Solidária e verdadeira
E aos amigos que tombaram
Manda flores de ameixeira...
Eis o grande privilégio
De ter amigos assim
Como este - em quem me revejo
O meu amigo Joaquim."
Isaura Moreira (ISA) - 25 de Maio de 2011
Para aquele meu Amigo
Que ama a Serra com paixão
Alguém onde se pressenteUma alma de eleição
Aquele Homem que reparte
As fatias do seu pão
Com amigos verdadeiros
Esse que virou serrano
Por amor ou por opção
Que encharca as pernas e os pés
No rigor dos aguaceiros
Que ama papoilas e lírios
Vales, encostas, ribeiros
Que aos mais fracos dá ajuda
Solidária e verdadeira
E aos amigos que tombaram
Manda flores de ameixeira...
Eis o grande privilégio
De ter amigos assim
Como este - em quem me revejo
O meu amigo Joaquim."
Isaura Moreira (ISA) - 25 de Maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
A IMAGINAÇÃO
A IMAGINAÇÃO
A imaginação
É o único transporte
Que temos sempre à mão:
Num segundo
Dá a volta à vida,
Dá a volta ao mundo...
Maio de 2011 - Santos Kim
A imaginação
É o único transporte
Que temos sempre à mão:
Num segundo
Dá a volta à vida,
Dá a volta ao mundo...
Maio de 2011 - Santos Kim
quarta-feira, 18 de maio de 2011
PAPOILAS E CEREJAS
PAPOILAS E CEREJAS
Avermelhando o campo, ondulam as papoilas.
Olhando para cima,
Ei-las,
Vermelhas entre o verde da folhagem - as cerejas!
Que bem sabe comê-las
Sentado numa pedra
Ou caminhando pela rua,
Nem que, depois,
Se limpe a boca à manga da camisa...
Com Maio na algibeira
E papoilas e lírios ladeando a estrada,
Um livro e uma mancheia de cerejas
São tudo o que preciso para estar com a minha amada.
Maio de 2011 - Santos Kim
Avermelhando o campo, ondulam as papoilas.
Olhando para cima,
Ei-las,
Vermelhas entre o verde da folhagem - as cerejas!
Que bem sabe comê-las
Sentado numa pedra
Ou caminhando pela rua,
Nem que, depois,
Se limpe a boca à manga da camisa...
Com Maio na algibeira
E papoilas e lírios ladeando a estrada,
Um livro e uma mancheia de cerejas
São tudo o que preciso para estar com a minha amada.
Maio de 2011 - Santos Kim
NA ESTRADA, MEU IRMÃO
Chegou-me, triste e embargada, a notícia:
- Tio Quim, o tio António... sabe... não sei como lhe dizer... deixou-nos... Encontraram-no caído na estrada... supõe-se que de acidente.
Era a voz da minha sobrinha Idília, ao telefone.
O António... o meu irmão António...
De quatro, o irmão mais velho.
Ainda de tenra idade, calças remendadas e pés descalços, metera-se à estrada para S. João da Madeira, à procura de pão certo...
Passados muitos meses que eu não sabia contar, regressava de visita aos irmãos, de bicicleta em segunda mão.
Pegou-me ao colo:
- É paz (era a abreviatura de rapaz)!, trabalho numa serração a segurar uns troncos pesados que uma serra grande corta em tábuas.
Acabaria por comprar uma bicicleta nova e, muito mais tarde, uma motorizada que se esmerava a limpar.
- É paz!, com esta já não preciso de dar aos pedais!
E levou-me a dar uma volta.
Mas pedalou sempre. Por duros anos, em toda a sua vida. Depois da serração, na fábrica de borracha, até à magra reforma.
Para as horas livres, trazia de renda duas leiras, donde tirava as batatas e as couves e o feijão e as abóboras para a mesa, e para alimentar o porquito, que matava pela Nossa Senhora dos Pardais.
- É paz!, a vida é mesmo assim... Tu foste pró colégio. É certo que te arrancaram de ao pé de nós e choraste muito nos primeiros tempos, mas estudaste. A minha escola, paz!, fi-la entre o serrim e as casqueiras de pinheiro e de eucalipto. Foi mesmo assim, paz!
Sim, António, a vida era assim mesmo - duríssima!
Saíste de casa de calças rotas e descalço.
E desde então, sempre a pedalar... Mesmo quando já a motorizada te levava.
A estrada onde tanto pedalaste, essa mesma te amorteceu na queda e te deu o último abraço.
A estrada, António!...
A estrada que te levava e te trazia, naquele dia levou-te para nunca mais.
Todas as flores que encontrar na estrada, vou apanhá-las para ti, meu irmão.
11 de Maio de 2011
- Tio Quim, o tio António... sabe... não sei como lhe dizer... deixou-nos... Encontraram-no caído na estrada... supõe-se que de acidente.
Era a voz da minha sobrinha Idília, ao telefone.
O António... o meu irmão António...
De quatro, o irmão mais velho.
Ainda de tenra idade, calças remendadas e pés descalços, metera-se à estrada para S. João da Madeira, à procura de pão certo...
Passados muitos meses que eu não sabia contar, regressava de visita aos irmãos, de bicicleta em segunda mão.
Pegou-me ao colo:
- É paz (era a abreviatura de rapaz)!, trabalho numa serração a segurar uns troncos pesados que uma serra grande corta em tábuas.
Acabaria por comprar uma bicicleta nova e, muito mais tarde, uma motorizada que se esmerava a limpar.
- É paz!, com esta já não preciso de dar aos pedais!
E levou-me a dar uma volta.
Mas pedalou sempre. Por duros anos, em toda a sua vida. Depois da serração, na fábrica de borracha, até à magra reforma.
Para as horas livres, trazia de renda duas leiras, donde tirava as batatas e as couves e o feijão e as abóboras para a mesa, e para alimentar o porquito, que matava pela Nossa Senhora dos Pardais.
- É paz!, a vida é mesmo assim... Tu foste pró colégio. É certo que te arrancaram de ao pé de nós e choraste muito nos primeiros tempos, mas estudaste. A minha escola, paz!, fi-la entre o serrim e as casqueiras de pinheiro e de eucalipto. Foi mesmo assim, paz!
Sim, António, a vida era assim mesmo - duríssima!
Saíste de casa de calças rotas e descalço.
E desde então, sempre a pedalar... Mesmo quando já a motorizada te levava.
A estrada onde tanto pedalaste, essa mesma te amorteceu na queda e te deu o último abraço.
A estrada, António!...
A estrada que te levava e te trazia, naquele dia levou-te para nunca mais.
Todas as flores que encontrar na estrada, vou apanhá-las para ti, meu irmão.
11 de Maio de 2011
C H U V A
segunda-feira, 16 de maio de 2011
CEREJAS
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