sábado, 18 de setembro de 2010

BREVES - I - Santos Kim

Quantas vezes me acho aquém
De quem
Verdadeiramente sou!
Outras tantas me acho além
De mim...
Vivo nesta oscilação...
O ser humano é assim.
17.9.2010 - Santos Kim
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Já passei à tua porta
À desse mar de ilusão...
Percorri o paredão
Olhando a espuma das ondas,
Gaivotas esvoaçando
Anunciando que vinhas.
Por momentos pressenti...
Mas ver-te... ver-te, não vi.
17.9.2010 - Santos Kim
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Eu não sei falar de amor;
Escrever, menos ainda!
Navego pelos sentimentos,
Mas não caio na berlinda...
14.9.2010 - Santos Kim
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Vai Setembro a mais de meio,
A chuva ensaia a passada,
A terra a molhado cheira.
Já se desfolha na eira,
Com as maçãs por colher,
As nozes por apanhar,
As vindimas por fazer...
Vamos, malta, toca a andar!
Está o celeiro por encher!
21.9.2010 - Santos Kim
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(OBESI)NECESSIDADE

Quanto mais come,
Mais chama a si o Pão dos outros...
Quem dera estourasse já!
Talvez assim amanhã
O Pão chegasse para todos!
21.9.2010 - Santos Kim

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

PAÇO DE SOUSA - RIO SOUSA

MUNDOS DO MEU MUNDO
- POR ENTRE CAMPOS DE MILHO, ATÉ AO RIO SOUSA.

Pelas tardes quentes de Setembro, corríamos por um caminho ladeado de campos de milho, chegávamos ao rio Sousa e dávamos uns bons mergulhos nas límpidas águas do açude.
Colhíamos, depois, um cacho de uvas dos muitos que, pelos choupos em vinha de forcado, toda a tarde nos tentavam...
Havia um produto que, para nos dissuadir, os proprietários espargiam pelos cachos e que a gente, passados alguns minutos de os comer, tinha que apressar a ida ao milheiral para se aliviar...
Recompostos, logo aos demais informávamos:
- Eh malta!, as uvas têm caga-já!
E logo todos à uma:
Carago pró carago!

O rio Sousa continua lindo!
Serpenteando todo aquele vale, desde Friande até ao rio Douro, às portas de Gondomar.
Mas é em Paço de Sousa que faz a sua sesta (aconchegado pelo Mosteiro onde jaz Egas Moniz e pela linda Aldeia do Gaiato, onde jaz o Padre Américo, fundador da Obra da Rua, personagens ímpares de Portugal!)...
De repente, por entre choupos e amieiros, descreve algumas piruetas até Parada... Mas logo mete por ali fora! Rasga a penedia na Senhora do Salto e continua a correr, a correr... até chocar com o rio Douro, como na história que nos contavam de David contra Golias...
E quando o burgo portuense do rio Douro começou a fazer penico, foi o rio Sousa que começou a dar de beber à Invicta cidade do Porto.
Protejamos o RIO SOUSA!

Setembro de 2010, Santos Kim

POBREGUÊS

POBREGUÊS

Diante do mesmo espelho
Barbeia a mesma fadiga...
Qual formiga
Pelo grão
Tomam-lhe o peito por dentro
Furores da combustão.

Nos apertos do comboio
Ida-e-volta de tristeza
Na incerteza
De estação
Lê nos carris sem destino
Toda a magreza do pão.

De pedras e de capim
No pinho teve recado
Revoltado
Viu no cerco
Invadirem-lhe o quinteiro
Uns certos bichos do esterco.

Cavou terra
Viu navio
Ergueu ponte
Rasgou estrada
Dobrou a margem do rio
Furou a mina para... nada!

Setembro de 1982, Santos Kim


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

DO PAÍS DAS UVAS À PÁTRIA DO FOGUETÓRIO

Devemos pensar sempre pela nossa cabeça e não sombreados por bandeiras partidárias; votar em consciência e não pelo emblema partidário que em campanha eleitoral muito risonhamente tentam colar-nos ao peito. E entre uma e outra votação, questionar, interpelar e, civicamente, manifestar a nossa indignação, sempre que nos sintamos desgovernados.
Que o País está em profunda crise, e bem mais grave do que nos fazem crer, ninguém duvide.
Que os partidos políticos são os maiores responsáveis, é indesmentível.
Que teimam em não reconhecer o desgoverno em que lançaram o Erário Público com a criação abusiva de organismos e mais organismos públicos para colocar as suas clientelas partidários mais uns ditos "independentes", está à vista de todos e é gravíssimo que se mantenham a sugar e delapilar a Fazenda.
Com a entrada de Portugal na UE - União Europeia (ao tempo, CEE), esperava-se um país com melhor qualificação na Escola, na Agricultura, no Mar, no Tecido Industrial.
Em vez disso, protegeu-se ilegítima e e despudoradamente a Banca e as Seguradoras e as grandes superfícies comerciais; pejou-se de hotéis e condomínios-fechados colinas, linhas-de-água, falésias e dunas... Abateu-se a Frota Pesqueira e desmantelou-se a Marinha Mercante; em contrapartida, pejou-se de marinas quase tudo quanto é cidade e vila na orla costeira... e com marinas vão já tomando também os rios e as albufeiras que são património de TODOS.
A par de tudo isto, mais, sempre mais betão e alcatrão pelo país fora e, por arrastamento, a prostituição, a droga, a corrupção institucionalizadas (...) como remedeio...
Eis o País que temos!
Com amargura o escrevo, porque sempre sonhei com um PORTUGAL melhor, mais justo, mais fraterno PARA TODOS.
Nada estará irremediavelmente perdido - BASTA QUERERMOS!