De alguns milhões com tudo aos biliões sem nada,
Da nudez do taipal à cor do manifesto,
Refastela-se a besta, impondo que amestrada
Se limite a formiga a contornar o cesto...
Que o sol aqueça o toldo, o rótulo presida
Ao riso, o trigo falte e sobre a gasolina,
Venha a central do juro e atenta se decida
Renovar a cidade em filiais de esquina...
Amor que em dar exija os lábios confundir
Ou, precisando mais (e não te surpreendas),
Seja ir daqui além, buscando reunir
Certo botão de punho a rendas e fazendas...
Tanto que a pouco saiba e se pretenda a lua
Pelo sim pelo não apenas sorridente
E se imagine loura e se apresente nua
Capaz de promover o novo detergente...
Que depois venha agora e sempre antes de já
E amanhã chegue ainda a tempo de esquecer
A fome de milhões c'os milhões que ainda há
Para ferir de morte o direito a viver...
Do cotovelo à dor passando pelo busto
Seja a virtude mãe do mais secreto ultraje
E cheguem sempre os réis às cinzas do magusto
na bossa dum camelo, a bordo dum mirage...
Do celeiro ao paiol arado se transforme
Em ás de artilharia, o submarino avance,
Venha o neutrão depois e fique a noite enorme
Até que finalmente o carnaval descanse...
Por que será, meu Deus!, que tem de ser assim:
De Terça-Feira-Gorda a Sexta-de-Paixão?
Será que a Tua mão a isto porá fim?
Eu quero crer que sim!, mas receio que não!
Coimbra, Outubro de 2010 - Santos Kim
Carlos Zel / Coração Atormentado
Há 4 dias
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