quinta-feira, 1 de julho de 2010

AZURARA

AZURARA

Se me não lembra Azurara
Perco o menino que fui...

Perco o menio que fui...
Dele esqueço quem ficou
Se me não lembra Azurara
Nas areias que pisou...

Nas areias que pisou...
Da foz do Ave ao Mindelo
Se me não lembra Azurara
Corro o risco de perdê-lo...

Corro o risco de perdê-lo...
Menino sem tempo ou espaço
Que à falta de balde e pá
Brinquedo fez do sargaço...

Brinquedo fez do sargaço...
E das dunas fez abrigo
Viu traineira, viu farol
E comeu do pão de trigo...

E comeu do pão de trigo...
Dobrou o rio, subiu
À ponta do paredão
E depois ninguém o viu...

E depois ninguém o viu
Ir ao pinhal por pinhões
Fugir da sesta às enguias
Fartar-se de mexilhões...

Rolar nas ondas... cair
Assim como quem desmaia
Entre toda a porcaria
Que desagua na praia.

Azurara, Agosto de 1981 - Joaquim Santos Silva

1 comentário:

  1. Praia de Azurara! Tantas memórias de uma infância despreocupada e traquina, rica em experiências e aventuras.

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